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Na mira do sangue dos jacarés. Novos antibióticos ? Quem sabe !


Vivendo em um meio rico de bactérias patogênicas, barulhentos, freqüentemente feridos os jacarés desenvolveram um sistema imunológico original e eficiente. Alguns cientistas estão persuadidos de que o conhecimento deste sistema poderá levar a novos antibióticos.

A resistência (cada vez mais confirmada) de cepas bacterianas aos antibióticos coloca um seriíssimo problema para o mundo médico, a descoberta de novos princípios ativos torna-se cada vez mais difícil.

Consecutivamente às modificações do equipamento genético, essa resistência não diz respeito senão a algumas cepas de uma mesma espécie, mas pode se estender rapidamente no tempo e no espaço - região, cidade, hospital ou mesmo serviço particular. Esses dois últimos casos estão relacionados especialmente às doenças nosocomiais, ou seja, contraídas em meio hospitalar.

É notável constatar que os casos de resistência sobrevêm pouquíssimo tempo após a introdução de um novo tratamento. Alguns exemplos:



Contudo, nessa via, a recente descoberta feita pelo bioquímico Mark Merchant (Mc Neese State University, Louisiana, EUA) de proteínas naturalmente sintetizadas no sangue dos jacarés e que possuem propriedades extraordinárias poderá fornecer novas armas.


Uma nova família de antibióticos

Mark Merchant e seus colaboradores tinham já estudado as características do sistema imunológico desses animais, capazes de conter um grande leque de germes patogênicos, aos quais estão expostos ao longo de suas vidas, em seu meio natural, uma das conseqüências dos afrontamentos violentíssimos a que se entregam na defesa de seu território.

Em particular, os pesquisadores demonstraram que algumas dessas proteínas imunitárias, presentes no sangue dos jacarés, lutam com muita eficiência contra algumas bactérias altamente patogênicas para o homem, como o staphylococcus aureus. Outras se mostram menos eficientes na luta contra a maioria das cepas da Candida Albicans, uma levedura patogênica (que se encontra na boca de 80% da população), mas que pode provocar infecções fúngicas essencialmente em nível das mucosas digestiva e vaginal.




Mark Merchant conhece bem os jacarés.

Créditos: M. Merchant


Tendo em vista essas propriedades naturais e outras, Mark Merchant propôs que os futuros medicamentos, que poderiam constituir uma nova família de antibióticos, sejam reagrupados sob a denominação aligacinas. Insiste também sobre o fato de que só os jacarés foram, até aqui, objeto de um começo de estudo, e que o sangue dos crocodilos poderá revelar outras surpresas. Segundo ele, esses novos produtos poderão estar disponíveis 7 a 10 anos após o Estado da Louisiana (EUA) ter dado seu acordo para o financiamento das pesquisas.





Alligator mississipiensis.

Créditos: U.S. Fish and Wildlife Service



Comentário

No jornal Le Monde, o professor Alain Goudeau, do CHU - Centre Hospitalier Universitaire de Tours (França) estima serem essas perspectivas apaixonantes. "Desde Alexander Fleming e a descoberta da penicilina, os antibióticos que utilizamos há três quartos de século resultam das pesquisas feitas no mundo dos fungos inferiores. Pode-se razoavelmente pensar que um vivente poderá oferecer outras soluções que aquelas propostas por esses fungos, como o sangue dos jacarés e dos crocodilos. Com a condição, evidentemente, de encontrar meios de respeitar uma certa diversidade desse mundo vivente".

Futura-Science, consultado em 22 de Abril, 2008 (Tradução-MIA).


Nota do Scientific Editor: esta matéria enseja uma pergunta: Não seria interessante realizarmos estudos similares (e até comparativos) com os jacarés do Pantanal Matogrossense e da Bacia Amazônica?


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